Revisão sistemática: Ontario College of Family Physicians – Efeitos dos pesticidas na saúde: exposição ocupacional e não-ocupacional crônica.
Sanborn, M. et al., 2012. 2012 Systematic Review of pesticide Health Effects.
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Desfechos na saúde reprodutiva e exposição a pesticidas: 75 estudos
A revisão encontra evidências de que pesticidas não-organoclorados possam causar alterações deletérias ao sistema reprodutivo. A evidência mais significativa é de associação entre exposição a pesticidas e desfechos no crescimento fetal. A maior parte das associações positivas foi para baixo peso ao nascer, condição esta relacionada a maior risco de mortalidade, morbidade e incapacidade durante a infância e com consequências na vida adulta. Redução do perímetro cefálico, condição ligada a redução das capacidades cognitivas na infância e vida adulta, também está associada a exposição a pesticidas em vários estudos. Todos os estudos de boa qualidade sobre malformações congênitas reportaram associações positivas com hipospádia, defeitos do tubo neural e hérnia diafragmática congênita. Apenas dois estudos examinaram a associação com prematuridade, e ambos encontraram associação positiva. Ambos citaram explicações biológicas plausíves para esta associação, como por exemplo o efeito dos organofosforados sobre enzimas que estimulam a contração uterina, reduzindo a duração da gestação.
Desfechos no desenvolvimento neuro/comportamental e exposição a pesticidas em crianças: 32 estudos.
A revisão demonstra que a exposição pré-natal a pesticidas é consistentemente associada a deficiência mensuráveis no neuro desenvolvimento do nascimento até a adolescência.
Neonatos com exposição pré-natal a organofosforados apresentaram reflexos ausentes ou hipotônicos, além de déficit de atenção a estímulos. Crianças de 12 a 36 meses expostas a organofosforados apresentaram déficits consistentes no índice de desenvolvimento mental da escala Bayley em três grandes coortes. A exposição ao principal metabólito do DDT provocou déficits nos índices de desenvolvimento psicomotor da mesma escala.
Em crianças de 3 a 10 anos expostas durante a gravidez a níveis mais elevados de organofosforados ou DDT/DDE, foram observados com maior frequência transtornos da atenção como TDAH, redução do QI e outras condições incluindo o transtorno do espectro autista. Alguns estudos de exposição pré-natal associada a TDAH e autismo encontraram taxas de risco relativo elevado na faixa de 6,0 a 7,0. O diagnóstico destas condições na infância está associado a baixa empregabilidade, baixa remuneração e importante risco de envolvimento em atividades criminosas na vida adulta.
A memória executiva e a compreensão verbal são os domínios mais afetados nos testes multi-escala de QI em crianças expostas a pesticidas. Os efeitos foram modestos, com taxas de risco relativo menores do que 2,0. Entretando, do ponto de vista populacional, as reduções encontradas no QI total (variando de -2 a -7 pontos) tem impactos importantes na performace escolar e no potencial de ganho salarial na vida adulta. Em 2001, cientistas ambientais do Canada (Muir 2001) estimaram o custo da redução de 5 pontos no QI em 30 bilhões de dólares canadenses por ano para aquele país.
Desfechos na saúde respiratória e exposição a pesticidas em adultos e crianças: 35 estudos.
Existe evidência de que a exposição a pesticidas, em particular carbamatos e organofosforados, está associada ao desenvolvimento de sintomas respiratórios, de asma e da doença pulmonar obstrutiva crônica. Estudos de asma em crianças reportaram associação com exposição materna a pesticidas organofosforados e organoclorados. Exposição materna a inseticidas organoclorados também foi relacionada a maior frequência de infecções respiratórias em crianças.